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sábado, 22 de dezembro de 2018

Vasco 'estreou' o novo Maracanã


O Consórcio Maracanã Entretenimento S.A. prefere que o estádio seja chamado de "novo Maracanã". Este site prefere chamá-lo de Arena Padrão Fifa, ou qualquer outro nome. O saudoso Maracanã, Estádio Mário Filho, apelidado de O Maior do Mundo, que chegou a receber públicos de cerca de 200 mil, era o que existia antes no mesmo local, até ser demolido em 2010. Patrimônio público, feito para acomodar torcedores de todas as classes econômicas e utilizado por todos os grandes clubes cariocas em condições de igualdade. No seu lugar, o estado ergueu a arena, cuja capacidade de 78 mil não chega a estar nem entre as dez maiores do mundo, e cedeu os direitos de exploração comercial à gestão privada, por apenas 16% do custo da obra.

Depois da inauguração da arena com um amistoso festivo e da realização de um amistoso da seleção e três partidas da Copa das Confederações, foi marcado o clássico entre Vasco e Fluminense para o dia 21 de julho de 2013. Quem compareceu ou assistiu pelo pay-per-view, se deparou com um cenário irreconhecível do lado de dentro do estádio. No espaço descaracterizado e praticamente indistinguível de vários outros estádios "padrão Fifa" pelo mundo afora, as respectivas torcidas se encontravam em lados opostos aos tradicionalmente ocupados nos 224 clássicos disputados entre ambos os clubes no Maracanã, ao longo de 60 anos. Pela primeira vez, os vascaínos se encontravam impedidos de ficar no seu reduto, o lado direito da tribuna.
O que não chegou a ser uma surpresa, pois durante a semana do clássico essa polêmica havia recebido muito destaque. Além disso, todo vascaíno sabe que o freguês das Laranjeiras nutre um intenso sentimento de cobiça por tudo aquilo que pertença ao Vasco. O clube do plano de saúde, que pela tabela do campeonato brasileiro tinha o mando de campo, decidiu mandar às favas a história e as tradições acumuladas durante seis décadas e impôs a inversão de lado das torcidas, respaldando-se no seu contrato de parceria com o Consórcio, assinado na semana anterior. O seu presidente, para justificar a prepotência, argumentou que "o futebol mudou". De fato, mudou, poderosa, mas nem tanto. Afinal, havia um destino a ser cumprido: Dentro das quatro linhas, quem mandou foi o Vasco.

Mais uma vez confirmando o seu destino pioneiro, desbravador e vencedor, o Vasco tornou-se o primeiro clube a vencer e a marcar um gol no novo estádio. Esse feito histórico também serviu como presente de aniversário para os derrotados, que justamente naquele dia festejavam 111 anos de fundação. O placar foi de 3 a 1 e o autor do primeiro gol foi Juninho, aos 16 minutos do primeiro tempo. Por justiça poética, feito na baliza situada no lado usurpado. Na comemoração, ele ainda mandou recado para os usurpadores: "Esse lado aqui é nosso". Depois, em entrevista no intervalo, explicou: "O Vasco foi o primeiro campeão do Maracanã e devia estar desse lado". O Reizinho da Colina, maior ídolo vascaíno em atividade, e que fazia a sua reestreia, cumpriu uma atuação de gala. Além de marcar o primeiro gol, deu um passe magistral para André fazer o segundo, a um minuto do segundo tempo. O adversário diminuiu a diferença, mas Tenório, de cabeça, aos 38 minutos, consolidou a vitória.

Como estava escrito no mimoso mosaico exibido pelos tricolores antes do jogo: É O DESTINO.

FICHA DO JOGO

Vasco 3 x 1 Fluminense

Vasco da Gama: Diogo Silva, Jomar, Rafael Vaz, Nei, Henrique, Fillipe Soutto, Juninho Pernambucano, Fabio Lima, Wendel, Pedro Ken e Sandro Silva.

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