Para qualquer brasileira ou brasileiro é estranho saber que o futebol já foi, um dia, prática restrita à elite e, socialmente, fator de segregação. Isso se devia, em parte, à forma como o esporte se consolidou nos grandes centros brasileiros. Era praticado de forma isolada nas zonas mais ricas das cidades e estas não se comunicavam com os subúrbios.
No Rio de Janeiro, durante as primeiras décadas da prática do esporte, esta configuração social do futebol era muito explícita e de difícil mudança. O futebol era praticado na zona sul, onde morava (e mora) a alta classe carioca. Negros, mulatos e pobres eram excluídos, como o Jornalista Mário Filho, explica em sua obra “O Negro no Futebol Brasileiro”.
Naquele ambiente de segregação, o Vasco abriu suas portas aos excluídos, praticantes do futebol no subúrbio, e se tornou a primeira equipe a ter negros e mulatos em seu elenco. E mais, com coragem e determinação, se rebelou contra a Federação Carioca e se recusou a excluir os negros de seu time, em atitude história. O Gigante se agigantou. O resultado não poderia ter sido melhor: a conquista do Campeonato Carioca de 1923, com uma incrível campanha de onze vitórias em 14 jogos, desbancando as grandes forças cariocas.
O Vasco quebrou a segregação no futebol brasileiro, tornou o futebol democrático e popular. O Vasco sempre foi e é um mosaico maravilhoso que nenhum clube tem, mosaico de portugueses, brancos, pretos, pardos, brasileiras e brasileiros de norte a sul. Vasco é São Cristóvão, é Subúrbio, é Zona Sul, Rio, Brasil. Vasco é Global.
FONTE: Pensar Vasco
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