Nunca me passou pela cabeça escrever sobre um ídolo vascaíno. Muitos são dignos de receber essa alcunha, porém entendo essa questão como algo pessoal. Eu, por exemplo, tenho Romário como ídolo, mas não pelo que fez pelo Vasco. Muitas vezes foi polêmico em suas declarações quando era adversário, entretanto é coisa de maluco não ser fã do Peixe.
Eu me tornei vascaíno quando nossa dupla de ataque era Edmundo e Evair, mas quem disse que os vascaínos têm o Evair de ídolo? Muita gente, principalmente da nova safra de torcedores, é idólatra do Juninho Pernambucano. A meu ver, muito mais fã do Juninho do Lyon, afinal tem bastante torcedor que nunca viu o Pernambucano em campo e o coloca acima de todos, às vezes até do Vasco. Mas, como disse, ídolo tal qual sua escova de dente é bem pessoal e após ver uma discussão pelo Facebook resolvi expor algo que penso.
Em minha opinião, apenas dois jogadores são unanimidades em ser ídolo vascaíno: o saudoso Barbosa e Roberto Dinamite. Neste momento você pode estar se perguntando: “mas o Roberto não deixou de ser ídolo quando se tornou presidente?”. Em minha concepção, não deixou, tampouco deixará.
Carlos Roberto de Oliveira, nascido em 13 de abril de 1954, natural da cidade de Duque de Caxias. Aos 12 anos, Calu, como era conhecido, foi titular do Esporte Clube São Bento, time do seu bairro. Em 1969, foi convidado por Gradim, olheiro do Vasco. Um mês após chegar ao Gigante da Colina, Roberto já era titular do juvenil. Em um ano, Roberto ganhou 15kg resultante de um intenso trabalho muscular e, nesse período, o jovem atacante já havia anotado 46 gols. No Carioca de juvenil de 1970 foi o artilheiro do Vasco com 10 gols. No ano seguinte foi artilheiro do campeonato com 13, chamando atenção do técnico Mário Travaglini sendo relacionado para o Brasileirão do mesmo ano. A estreia pelos profissionais aconteceu em 14/11/1971, na derrota diante do Bahia, por 1×0.
Surge o Garoto-Dinamite
Mesmo com o resultado negativo, o Vasco passou para a segunda fase do campeonato, que disputaria o quadrangular junto com Atlético-MG (o campeão), Internacional e Santos. Na véspera da partida contra o Galo, o Jornal dos Sports estampou em manchete “Vasco escala garoto-dinamite”.
O inicio da glória viria após o jogo contra o Internacional. O cruz-maltino vencia por 1×0 quando o técnico colocou Roberto no lugar de Gilson Nunes. Em seu primeiro lance, driblou quatro adversários e chutou no canto esquerdo do goleiro, um belo gol. No dia seguinte, o mesmo Jornal dos Sports destacava “Garoto-Dinamite explodiu!”.
Como ainda tinha 17 anos apenas, Roberto continuava integrando o time do juvenil vascaíno, entrando vez ou outra no time profissional. Se firmou de vez em 1973, sendo no ano seguinte um dos líderes do time na conquista do Brasileiro de 1974, quando marcou 16 gols e consagrou-se o artilheiro do certame.
Outro fato sempre lembrado quando se fala de Dinamite é o belo gol diante do Botafogo. Roberto recebeu cruzamento de Zanata, na marca do pênalti dominando no peito, com a pressão do zagueiro Osmar. Deixando a genialidade falar mais alto, Roberto chapelou o defensor e, sem deixar a bola cair, fuzilou o goleiro Wendell garantindo a vitória vascaína por 2×1. Esteve no Vasco de 1971 até 1980, quando foi contratado pelo Barcelona-ESP.
De cara, em sua estreia, marcou 2 gols, agradando a torcida catalã, mas após três rodadas o técnico Joaquín Rife, responsável por sua contratação, foi dispensado e com Helenio Herrera, Roberto perdeu espaço. Mesmo na reserva, sofreu cobranças por parte da torcida.
Em uma disputa Flamengo e Vasco, o Gigante venceu e Dinamite voltou pra casa três meses depois de ter saído. Em 05 de maio de 1980, Dinamite mostrava que tinha muita lenha pra queimar e em grande estilo: diante de 110 mil pessoas, inclusive torcedores do Flamengo unidos aos do Corinthians, Roberto fez os 5 gols do Vasco na vitória sobre o Corinthians. Em 1981, Roberto foi o artilheiro da temporada com a marca de 62 gols feitos, superando Zico, seu maior concorrente, que marcou 60 vezes.
Esteve no clube até 1989 e foi emprestado a Portuguesa, para a disputa do Brasileiro daquele ano. O Vasco foi bi-campeão e a Lusa, numa boa campanha, terminou em 7º, com 6 pontos a menos que o cruz-maltino. Em fim de carreira, acertou com o Campo Grande (MS) para a disputa do estadual de 91. Posteriormente, retornou ao Gigante da Colina, onde encerrou a carreira de vez em 1993.
Dinamite é o maior artilheiro do Vasco com 644 gols, sendo também o jogador que mais vestiu o manto cruz-maltino: 955 vezes. Foi artilheiro dos Brasileiros de 74 e 84 (16 gols), dos Cariocas de 78 (19 gols), 81 (31 gols), e 85 (12 gols) e artilheiro da Copa América de 83 (3 gols).
Campeonato Brasileiro: 1974;
Campeonato Carioca: 1977, 1982, 1987, 1988 e 1992;
Taça Guanabara: 1976, 1977, 1986, 1987, 1990 e 1992;
Taça Rio: 1975, 1977, 1980, 1981, 1984, 1988 e 1992;
Copa Rio: 1984, 1988 e 1992;
Torneio Quadrangular do Rio: 1973;
Copa Cidade de Sevilla (ESP): 1979;
Copa Manauense: 1980;
Troféu Colombino (Huelva, ESP): 1980;
Copa João Havelange: 1981;
Troféu Cidade de Funchal (POR): 1981;
Torneio de Verão (URU): 1982;
Troféu Ramón de Carranza (ESP): 1987,1988;
Copa Ouro (EUA): 1987;
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