Eles nasceram para quebrar preconceitos e marcar diferentes épocas com o desfile de times vitoriosos, prolíficos e arrasadores. Do Expresso da Vitória dos anos 40, passando pelo time “dinamitador” dos anos 70, pelo celeiro de craques exuberantes dos anos 80 até a locomotiva libertadora e das viradas impossíveis do final dos anos 90, o Clube de Regatas Vasco da Gama escreveu seu nome na história do futebol conquistando os mais diversos títulos e se notabilizando pelo clássico uniforme composto pela camisa branca com a faixa diagonal preta, o calção preto e as meias brancas, com a Cruz Pátea sempre única e imponente no peito. Mas o time de São Januário também se fez conhecido pelo preto, a cor que marcou o início de suas atividades lá no final do século 19.
Fundado em 1898 por rapazes portugueses (em sua maioria), o Vasco da Gama ganhou este nome em virtude do aniversário do quarto centenário da descoberta do caminho marítimo para as Índias, obra do heroico e homônimo português. Ainda apenas um clube de remo, o Vasco disputava campeonatos nos mares cariocas de camisa negra com uma faixa diagonal branca partindo do ombro e uma cruz vermelha centralizada. Embora no hino ela seja chamada de “Cruz de Malta”, o clube sempre utilizou ou a Cruz Pátea ou a Cruz de Cristo, esta instituída pelo Rei D. Dinis no século XIV, que representava o cristianismo e a Ordem de Cristo de Portugal.
Em 1915, o clube instituiu o departamento de futebol e entrou em campo pela primeira vez de camisa preta com uma faixa central na cor branca (parecida com uma gravata), Cruz Pátea no peito, calção branco e meias pretas com detalhes em branco. O uniforme foi inspirado no Lusitânia, clube que realizou uma fusão com o Vasco e que se inspirou em um combinado português que disputou uma série de amistosos pelo Brasil em 1913.
A partir dos anos 20, o clube voltou a adotar a faixa diagonal, dessa vez partindo do ombro esquerdo e com a cruz dentro da faixa, na altura do coração. O preto seguiu absoluto durante anos e foi a cor que mostrou o pioneirismo do clube em aceitar jogadores negros em seu elenco, quebrando vários tabus da época e aumentando sua faceta popular perante os torcedores do estado do Rio.
No final dos anos 30, a equipe usou pela primeira vez a tradicional camisa branca com a faixa diagonal em preto, logo depois em 1943, a camisa preta deixaria de ser toda preta e também ganharia a notável faixa, combinação que se tornaria um clássico e faria do Vasco inconfundível.
As décadas se passaram e o clube não fez nenhuma mudança em suas camisas até o final dos anos 80, quando retirou a faixa diagonal das costas para que o número dos jogadores e a marca do patrocinador tivessem mais destaque. Poucas mudanças foram feitas depois daquilo e o clube só ousou mais no começo da década de 2010, quando apresentou uniformes alternativos como uma camisa preta com faixa central em dourado, camisa branca com uma enorme cruz ao centro, camisa azul com cruz branca ao centro e uma linda camisa preta com a cruz ao centro, em homenagem à luta contra o preconceito racial que sempre marcou a história do clube, lançada em 2011.
Com camisas tão tradicionais, só resta ao clube da Colina voltar a ser o que era, com times competitivos, artilheiros vorazes e a tradicional vocação para os títulos imponentes e as viradas impossíveis.
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